We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Dion​í​sio Afoito Num Quarto

by Dionísio Afoito Num Quarto

/
  • Streaming + Download

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    Purchasable with gift card

      $5 USD  or more

     

1.
Corpos pesados sobrevoam o imenso azul Um triste azul Que se dá sobre nós Sequer ficamos juntos por mais de algumas horas Procuro outro assunto Aspiro qualquer coisa além De observar os porcos Sobrevoando o todo Acabo condensando tudo Alimentando as dores de outros tempos Os cães só ladram quando se chega perto Tem quem só acredita no canto do berro O pão ainda nos é divido às cegas
2.
Sinto quando a brisa cede Penso que ainda tenho medo O tempo é uma ilusão do cão Penso que pensando enfrento Os monstros que ainda aqui frequentam Profundo num âmago cético O cerne de toda a descrença O caos contemplo desde cedo Cortando a carne de quem não crê Quem crê ainda tem esperança Eu tenho um corpo cansado De quem vê tudo errado Há quanto tempo que não tenho sonhos Sinto quando a brisa cede Penso que ainda tenho tempo O medo é uma ilusão do cão Faço alusão aos poetas Na inquietude, flertando com a dor Mas lembro de um dia de sol Um sol de verão Um verão tão azul Um azul tão sem cor Um sem cor outonal Como tudo a desbotar A escorrer, acabar, padecer Acreditar nunca bastou
3.
Noite que se põe A chuva cai, o sol não vem A lua pálida desbota O céu sem cor lembra você E eu não acostumei Simplificar o sentimento E escrever como um qualquer Serei na madrugada a sua fuga A sua escada pra fugir desse incêndio E vir pegar fogo comigo Serei na madrugada a sua rua Pra então fugir dessa loucura E se perder de tão sem rumo e numa boa Ela diz que quer outro lugar Distante daqui, mais perto do mar Mais perto de mim, de nós E diz que sim, a sós é bem melhor viver A mesmice não lhe satisfaz Nem o tom desses dias banais Nada pode ditar o que ela deve ou não deve fazer Diz que vai pra morrer e nem aí Vigor de invejar, não vou mentir Vivacidade, sagacidade, plasticidade no existir Bela feito um quadro de Dalí Inspiração na poesia de Rimbaud Inspiração dessa canção e de todas outras canções de amor Que hei de escrever pra dizer o quanto amo você Há de sorrir e dizer que é outro clichê de amor Há de sorrir e dizer que me ama também Há de sorrir e dizer que isso tudo é tão bom Serei na madrugada a sua fuga A sua escada pra fugir desse incêndio E vir pegar fogo comigo Serei na madrugada a sua rua Pra então fugir dessa loucura E se perder de tão sem rumo e numa boa
4.
De volta esse quarto escuro O sol já não conversa comigo E eu só espero que essa paixão Perdure mais que esse sonho Delírios de uma noite sem fim De uma paixão sem fim Dia de mar sem porquê, a lua sangra no céu Um Buda no alto das pedras, tocando guitarra Enquanto subo descalço A onda batendo é tão lindo Rolando um beck de hash Minha mente tua prisioneira Veja só, parece intrínseco a nós Noites em claro Bobagens ditas no ato do beijo No alto do teu céu No sexo Feito o nascer do breu, às seis Feito nós de um só ser Feito de refutar a verdade, vivendo embriagado Eu vou mudar pra Joaquina Adeus, cidade blue
5.
Filme B 03:16
Vai, não volta atrás Já não há mais tudo o que existia outrora Que fazia bem, mas um porém Ainda temos um ao outro Vai, não volta atrás Já não há mais aquela angústia da partida Que te fez tão mal E tão igual que até parece repetida De um filme B Feito a melancolia De um filme B Com um argentino na trilha Um filme B Que você não assistirá
6.
Difuso esse pensamento Atento à literatura russa Confundo-me em algum tempo Há tempo pra confundir tudo De modo mais sagaz entendo Compreendo, o tempo se desfaz E há tempo enquanto canto, enquanto penso Há tempo enquanto leio Difuso outro pensamento Atento à literatura russa Confundo-me em algum tempo Há tempo pra confundir tudo E o que mais me apraz dentro desse roto É o já escrito Que me satisfaz nesse absurdo É o lodo explícito Dito por Fiódor, Tolstói, Gógol, Tchekhov
7.
Lembrei de ti em meio a leitura do Camus De todas vezes que disse preferir Sartre Eu omiti o constrangimento perante a situação Mas confesso, não entendi tua predileção E ainda me sinto antiquado Me adjetivo um drogado e lembro que é outra fuga Você me acusa de sempre tentar fugir de tudo E eu te acuso de sempre estar com a razão E sigo mudo, escrevo por obrigação Eu vejo o mundo cada dia mais perto de todo o absurdo Que outro dia eu li de um francês obscuro Que dizia que o nada é o sentido de tudo E que o todo, obtuso, é mera convenção Sofro por antecipação Mas afinal esses russos só queriam um amor E o calor da paixão inventada Pra aquecer esses dias de jaula, num frio siberiano Vago na vã insinuação Que nunca mais me encontraria ao seu dispor Mas no calor da paixão inventada Na liberdade do ser ante o nada Eu digo que te amo
8.
Eu te escrevi um disco Eu li todos os teus livros Deixei de lado o niilismo e desdenhei o meu escritor favorito Levei teu bicho pra passear, te fiz carinho até dormir Acreditei no nosso amor e então sofri Assim como se sofre Como o filósofo me disse E então chorei todos os dias Só pensando em ti Como se sofre assim? Como o filósofo me disse Alavancou meu pessimismo e meu discurso contra a vida E então se foi (Pra não voltar mais)
9.
Baby, não me importo com as roupas há três dias no varal Sequer aspiro usá-las Não, não importa o sumiço Eu estou aqui, não estou? Não importa que outra babou o meu beck Não importa, baby O que importa, baby? O que importuna é esse refluxo Esse impulso elétrico, como um pseudo choque epilético E uma vertigem que às vezes parece pressão, às vezes coração Às vezes parece abuso de drogas Ou a suspensão abrupta do antidepressivo, que caríssimo Não anda cabendo no orçamento Quiçá nem no poema, baby Pena, baby, pena Não me dê as costas Não assim, não agora Eu te acendo cigarros Eu afago teu ego Pelas ruas de um Porto Eu moro em teus cabelos Eu te esqueço, e no ato do beijo, eu sinto a morte Eu sinto o gosto dela e é tão bom Eu sinto o gosto dela e é tão bom Perdi dois dentes, baby Pareço Chet Baker, sem metáfora Soco na cara Droga de vida, baby Isso merece um blues
10.
A vida é uma fantasia John Lennon no parque Solidão alegre Meu pai não existe Eu tenho onze anos No capô de um carro Cantando: Help me if you can, I'm feeling down Saudade meu amigo Dion O pânico não tem dó, eu sei Cantando: Help me get my feet back on the ground Lipe aos 15 anos e já cheirando pó Help, please Help Se a vida passou e a gente nem percebeu Veja o que restou do fim Que era tão distante a nós, mas tão inerente Eu quero um do bom Tocar rock n roll Bebendo vinho barato, na garrafa de plástico No sol da redenção, às três Eu quero rock n roll Torrar um do bom Bebendo vinho barato Nós e o Fábio, o Renan não vem Tem que trabalhar pra pagar o aluguel A vida é uma fantasia John Lennon no parque Diazepan aos onze Crise de ansiedade me fez um drogado A vida é uma fantasia John Lennon no parque Solidão alegre Meu pai não existe Eu só tenho onze anos No capô de um carro Cantando: Help me if you can, I'm feeling down Saudade meu amigo Dion O pânico não tem dó, eu sei Cantando: Help me get my feet back on the ground Hoje eu não me sinto mal, não Vendi meu revólver pra comprar mais droga (Taxman) A vida é uma fantasia (Às seis da manhã) John Lennon no parque (Às seis da manhã) Lipe aos 15 anos já tomando ácido (Às seis da manhã, em frente à igreja) E eu na detenção Cantando: Help

credits

released October 4, 2020

Produced by J. Cruz

Compositions, recording, mixing and mastering by J. Cruz

Bass in “Delírios De Uma Noite Sem Fim” by Marcos Jobim
Second voice in "Filme B" by Laryssa Schneider

Art by João Salazar

license

all rights reserved

tags

about

Dionísio Afoito Num Quarto Porto Alegre, Brazil

contact / help

Contact Dionísio Afoito Num Quarto

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like Dionísio Afoito Num Quarto, you may also like: